Com_traste

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Mãos


Queria-te falar das mãos
Aquelas mãos que não param enquanto falo e falo…
Aquelas mãos que seguram o cigarro como quem se agarra a uma bóia em alto mar
As que sorriem agitando dedos
As que apertam forte num momento em que só o silencio faz sentido
Queria-te falar nas mãos vazias que guardam tudo
O tempo…quando desenhavam casinhas e flores
O medo… quando erravam as contas
O prazer… de criança a enlaçar o pião
Queria-te falar das mãos que embalaram
Das que contaram tostões
Coseram botões e meias
Das mãos que afagaram rostos
Limparam lágrimas
Esconderam dores
Nas mãos que apertam num cumprimento protocolado
Das que acenam adeus para apagar distâncias
Das que lavam o rosto pela manhã
E olham-se meninas
Magrinhas
Finas
Das que ousaram remexer entranhas
Pariram amores e desamores
Plantaram flores
Fizeram de ninho
Queria-te falar das mãos
Com que expresso o que sou
E nem sempre as olho e as estimo

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