Com_traste

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sábado, 28 de abril de 2012

Desbravar caminho




Aos poucos
Entre picos de rosa e de ervas daninhas
As mãos desventram o útero do possível ainda não concretizado
E como se fecundassem as coisas que ainda não sabem do próprio ser
Cresce algo em cada instante
Em que toco
Cheiro
Degusto
Olho
E a coisa ainda não acontecida antes…surge
Como se sempre ali estivera…sem eu ver
E nesse milagre
Em que as rosas são apenas rosas
E o pão é apenas pão
Multiplicam-se as possibilidades de matar a fome
E a sede de vida
Num acto único
Intransmissível
Que só o acaso possibilita
Porque se foi por ali
E não por acolá
Porque se olhou este
E não o outro
Porque se parou um pouco
E se viu!
E quando atrás de nós o caminho já está novamente coberto de rosas com picos e ervas daninhas
Dá-se o milagre de voltar atrás…com as mesmas mãos audazes e corajosas…apenas mais velhas e picadas
Desbravando o caminho que já se fez antes
Sendo agora caminho novo…

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