Com_traste

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

TemporizaDor

Velho
Cansado
Descansava na berma de hoje
Adormecia nos braços do ontem
E ao acordar
O amanhã desistia
Como o rio que seca
Ou a chama que se apaga
O amanhã estava velho demais para acontecer
Ontem já o desejava
Hoje só pensava em correr
E foi assim que o tempo
Confuso
Depressivo e sozinho
Se suicidou

Por tão pouco ou coisa nenhuma

Quis preencher o vazio que o enchia
Pegou num nada aqui
Um nada ali
Um nada acolá
E cheio de nada
O vazio desapareceu
Um dia
Quando nada mais o satisfazia
Suspirou
E nesse acto, vazio de nada ficou
Pensar que teve tanto!
E agora?
Desejava nada voltar a ter
Porque morrer assim vazio
Será mesmo morrer?


Perdidos e achados

Procurava o amor nas esquinas
Na cama
No fim do mundo
Colocou anúncios
Deu recompensas
Um dia
Já sem ele estar à espera
O amor voltou
Cansado
Desnutrido
Mais velho
Mas não havia dúvidas, era ele!
Desde esse dia, nunca mais lhe tirou a trela quando passeavam no jardim.


Perguntas de retórica

Quando bates à porta ela chora?

Se te perguntarem quem é, dizes sou eu?
E se eu não for?
Porque fico se bati à porta?
Será melhor ir antes que seja acusada de violência doméstica?

Se eu pedir muito, dás-me?
E se tiveres pouco?
Dar tudo o que se tem, é muito?
Se dás tanto também levas?

Em caso de dúvida que fazes?
Podes repetir se faz favor?
E se for erro?
Não aprendeste nada?

Há vida em marte?
Se há mas são verdes, importa?
E se sim....
Irás entender aquela da cintura industrial...

Eu já disse que não tenho culpa?
Perdoas?
Faz sentido?


Em Marte nada de novo

O homem que mordeu o cão era um homem que não ladrava

Quem não tem cão vai à pesca

O mito urbano é uma discriminação

O sexo seguro, não foge ou em caso de acidente pagam-te tudo?

Quem tem boca vai a Roma só se não for peixe...(eu sei...tenho lá eu culpa que o provérbio mate o coitadinho do peixe!!)

As estrelas cadentes desistiram de ser nêsperas...

O quarto minguante é uma forma de alguém te chamar gordo ou te dar a entender que estás a mais ali

Despensamentos

Todas as sombras assombram os que temem a própria.
Mas o que eles não sabem, é que a única que deveriam temer só anda no escuro...
A exposição é uma parede branca bem iluminada...onde só alguns se encostam.
O sentido do ridículo deveria ser obrigatório... só por si, isso aumentaria muito as receitas do estado
Uma rotunda não é aquela coisa que te faz andar à roda, a isso chama-se egocentrismo
O azar não é encontrares um gato preto, azar é ser de noite e só te dês conta que o gato era preto por teres pisado algo...
Uma cintura industrial, usa cinta porque se importa
O vinho , se for bebido à sombra perde graus?
Se cumprimentas e não te respondem não deverias aprender outras línguas?
O estado civil é democrático?
Os gostos não se discutem se forem iguais
Se cá se fazem cá se pagam para que raio inventaram o inferno?
Se fores filho de um Deus menor alguém deveria ir preso.
Falamos do tempo para quebrar o gelo mesmo que estejam 40 graus à sombra?

Uff isto cansa...prá próxima penso.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Da pele


A minha
A tua
A nossa
Da de cordeiro
Da de lobo
De cetim
Ou marcada a ferros
Pudéssemos nós vestir a pele do outro
E entenderíamos a importância do toque
Do afago
Um pequeno gesto de ternura bastaria
Para te lançar rumo ao infinito
E não se morrer de solidão
Assim
Resta a própria mão
Agarrada à margem
Ou incansável...naDar...naDar...naDar!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Despensamento XI

É capaz de ser tarde para mudar o mundo
Mudar de casa
De rua
De cidade
É capaz de ser tarde para mudar a direcção do vento
Mudar a estação
Mudar de hábitos
Mudar feitios
De penteado
De marca de cigarros
Pensava ele com os seus botões
Enquanto isso
Voltou a acender um cigarro
Ajeitou o cabelo com os dedos
Virou-se a favor do vento
Desceu a rua
Entrou em casa
Despiu a camisa
E em tronco nu...sentiu-se completamente só
Incapaz de ousar pensar em mudar seja o que for

Plof

É quando tudo dorme e está escuro
Que ela abre os olhos ao mundo
E no meio da escuridão se vê
Uma entre tantos
Silenciados...pela noite que cada um faz acontecer
Apenas porque fecham as pálpebras
Ou apenas porque dizem ser hora
A diferença entre o dia e a noite
Está apenas na localização das estrelas
E num abrir de olhos no escuro...entenderás a diferença
Acaso olhes nos olhos de outro
Acorda...
Não esperes pelo dia
Ai será tarde
Porque nessa hora todas elas se escondem no fundo do mar...
E corres o risco de ter que mergulhar em apneia....para ser feliz
Depois...será apenas uma questão de tempo
Como a vida ou a morte

Ela

Romper barreiras
Estereótipos
Passar limites
Ousar ser por inteiro
Assumir consequências
Enfrentar preconceitos
Dar o corpo ao manifesto (uiii esta expressão é o must)
Cansar-se e depois de respirar fundo voltar à carga
Agir pelo coração
Não temer o diz que disse
Ser senhora do seu nariz
Ser
Essencialmente ser ...espontânea, livre, responsável,sonhadora incansável
Não temer voltar atrás
Saber-se imperfeita e mesmo assim...gostar de si
Agir por impulso
Cansar-se
Cair
Levantar-se
Saber-se forte na sua fraqueza
E voltar a acreditar todos os dias
Que...só temos esta vida
Ou é agora ou nunca
E não temer
Viver!
Gostava de ter como nome Maria das Silvas
Por saber doces as amoras silvestres
Por entre os picos...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O vazio
O silêncio
O escuro
Enchem os dias e as noites de palavras
Não ditas
Não escritas
Nunca escutadas
Num eco clarividente
Da vida
E essa enchente comprova a nossa humanidade
Talvez um dia sejam verbalizadas
Escritas
Escutadas
E nesse acto nos demos a conhecer a outros
Ou
Num abraço se evitem as diferenças de linguagem e de audição
Talvez seja mesmo isso
Os gestos são a nossa identidade
Mesmo quando estamos estáticos
Vazios
Escuros
E em silêncio
Escutemos o eco dos gestos
Talvez se repitam abraços...aços...aços...aços...aços
Para sempre