Com_traste

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

AlieNação




As aves migratórias são ovnis
Chegam em bandos
Agitando asas
As outras
As aves que não migram
Voam há muito para outros céus
Dizendo-se de cá
As da terra de ninguém
Dão-lhe passaporte de ida
E mesmo que voltem
Não terão memória daqui
Os alucinados
Apontam a dedo os pássaros
E disparam certeiro
Feridos na asa
Os ovnis nunca mais poderão voar
Restam os céus
Para os Homens sonhadores
E tornar grande esta nação
Conquistando todos os castelos nas nuvens
A história contará os feitos
E em Marte duvidarão de nós
Por não acreditarem em ovnis


(crónicas do futuro)


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Despertares

Houve um tempo em que dormia profundamente
Outro houve, que profundamente dormia
Surgiu então uma outra era...e acordei sobressaltada
Lavei os olhos que se fechavam por instinto
E vi...Remelas
Ressecamento do líquido que compõe a lágrima.
Quando as lágrimas se acumulam nos cantos dos olhos fechados
Sorri...porque afinal chorava.


Crónicas Marcianas

Passavam as horas mais lentamente
Ao som do tic tac aterrador
Sumiam-se os minutos e os cigarros
E ele sabia que a contagem na vida é sempre decrescente
Mas mesmo assim...crescia-lhe o peito de penas
E num momento sustinha o respirar
Consciente da impossibilidade de o conter para sempre
Assobiava
E do peito cheio
Voavam as penas
Lentamente

Teias


Esta sensação estranha
Que leva ao grito
Mas também ao silêncio
Que surge devagarzinho
Pé ante pé
Rumo ao peito
E instala-se
Confortavelmente
Esta sensação estranha
Que desgasta
E alimenta
Que satura
E nos põe à prova
Esta sensação estranha
Que me aperta
Agora
Desde ontem
Ou talvez hoje
Angústia
Misto de raiva, dor, pena e esperança
Desalento em banho Maria
Pudesse eu coloca-la na mão
E olharia nos seus olhos
Num jogo de desafio
Esta sensação estranha
Que me toma inteira
Arritmia
De um coração teimoso
Esta sensação estranha...
Talvez seja o prenúncio da certeza da mudança