Com_traste

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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Servi Domini


Porque nos devoram os monstros sociais
E depois de comidos querem mais e mais
E nós alimentamo-nos de ilusões
Somos puras contradições
Individuais, doses fatais
Alimento para animais
Porque não morrem enfartados?
Trincam e lambem os lábios
Babosos glutões
Nada na borda do prato
Afogamo-nos na sopa com a pedra no sapato
Morrendo de cansaço, boiando como excrementos neste esgoto
Ok, não somos gente
Mas sombras de um criador, que se esqueceu de nos tirar a dor
E nos deixou acreditar na fantasia
Reprodução em cadeia
Sem grades para que possamos afiar as limas
E usamos as unhas esgravatando a terra
Fazendo covas para plantar defuntos
Que depois de bem cuidados crescerão viçosos nas nuvens
Alados girassóis
Que seguirão eternamente a luz divina
Que sina!
E a semente de gente?
Serve de alimento ao patrão
Que em dia sem remuneração
Acusa
Abusa
Explora
E nós pedindo esmola
Na porta da consciência urbana
Infestada de peste suína
Desumana
Doença roubada para pura carnificina
Ide em fila
Porcos imundos
Redundantes seres animados
Agradecei em voz baixa e de olhos no chão
Para que querem mais que um naco de pão?
Já não há pulmão para gritos de revolta
Droga de criatura pura
Essa maldita habilidade que insistem meter nas veias
Dignidade?
Ilegal sentimento
Não lhes chega o demente pensamento
Querem mais?
Agora cortem os pulsos que precisamos de dar cor à pátria
Não há maior honra que servir de pigmento
Amanhã é dia santo
Podereis chorar em vão
Alegremente florir campas
Uma ou outra oração
E basta!
Para o ano há mais cultura
Festas são procissões
Vistam os meninos de anjinhos
As virgens com seus filhinhos
E aleluia senhor!
E não adianta não ser crente
Somos UM ilusoriamente
Formando a massa compacta da estupidez humana