Com_traste

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ISTO É UMA ESPECIE DE MENSAGEM D FELIZ QUALQUER COISA


Da estrada já trazia uns vastos passos nos mesmos sapatos de sempre, os meus pés.
Nem sei bem com que idade comecei a andar, nem sei se gatinhei.

Mas tenho a memória de grandes viagens nos meus olhos, desde o 1º dia que me obrigaram a deixar o rio da minha mãe.

Somando tudo, dará à volta de 44 anos nos olhos..não sei quantos passos nos pés. Crescemos todos com um mundo nós bolsos e o outro mundo para agarrar fora de nós. Não me dei conta do tamanho do mundo dos meus bolsos enquanto criança, aprendi que o mundo que havia fora e em que podia caminhar era grande..muito grande diziam.

Um dia vi que até já podíamos ir à lua…com os pés.

Nos meus olhos e nos meus bolsos já lá tinha viajado antes.

Nem sei bem como se passam 44 anos sem conseguirmos aprender a medir esses anos em passos…se um ano tem 12 meses, cada mês tem à volta de 4 semanas, estas têm sete dias, os dias tem horas, as horas minutos e estes segundos..devo ter dado muitos passos nestes anos!!

Claro que há que contar com a diferença do tamanho das pernas e dos próprios passos em cada ano da minha vida…e sem duvida que houve momentos que corri, outros em que saltei...e outros ainda que simplesmente fiquei parada…

Com olhos, até mesmo enquanto fechados sei que com eles viajei .. . nem me atrevo a tentar fazer a conversão de 44 anos em olhares!!!!

Sabendo que tenho, alem dos outros olhos da minha mãe, muitos outros olhares que descobri e com eles aprendi a caminhar, será sem duvida uma conta complicada de fazer..alem de que não saberia avaliar em dias, meses ou anos os olhares de espanto, ternura, admiração, duvida, compreensão medo, amor e tantos, tantos outros sem nome que sei que já tive e irei ter.

Pronto, desisto de fazer contas aos olhos, bolsos ou passos que trago dentro de mim! Resta-me pensar agora como contar o fim de um ano e o início de outro que se avizinha. Ora bem..deve ser muito mais fácil pois então..

O fim deste ano é já amanhã..irei contar as horas do dia, os passos que andar e somar ao meus olhos (os bolsos são tipo máquina de calcular..e daquelas a energia solar..sempre gostei de trazer o sol na algibeira como um dia ouvi alguém contar..) e terei o resultado de ..

”APENAS” MAIS UM DIA DOS MEUS 44 ANOS…

O inicio do ano que vem…hummmmmm estarei parada? A saltar? a andar? Só saberei ao 1º segundo. Mas há uma certeza, o resultado será a soma de 44 anos, 11 meses, 15 dias..mais o que trago nos bolsos, nos pés e no olhar …e por fim junto todos os meus SONHOS…uiiiiiiiiiiiii nem sei quanto isto irá dar…mas há todo um caminho que se avista daqui até à lua.

MEUS AMIGOS..NÃO FAÇAM CONTAS DE CABEÇA, VIVAM COM A SOMA DO QUE TRAZEM EM VÓS
(ok ok..é igual ao que escrevi em 2008, não há inspiração pra mais este ano..crise!!)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Cocktail Social...


Bebe mais um copo, dizes com sorriso maquilhado.

E eu bebo.

Fumo um cigarro enquanto do outro lado do meu ser te olho

Sei-te mentira!

Dás-me asco!

Contenho o vómito

E bebo sorrindo.

Olho cúmplice um outro olhar que sinto aberto

Puro

Verdade

Sei que me diz, "não bebas!"

Mas bebo...

Aceito o cálice pintado de ouro contendo o tóxico venenoso de ti

E bebo como quem domina a fera

Lentamente

Muito lentamente...

Confiante no antidoto da minha verdade

Controlo a vontade de jogar por terra o liquido

Bebo lentamente

Muito lenta..mente

E bebo sorrindo.

Olhos nos olhos

E só assim sei que entendes e não mais serei cobaia

Vitima

presa fácil

Agora bebo sim

controlo a irreverência que me caracteriza

Aprendi a conter a dor e já não vomito palavras de revolta

Não me desgasto

Não me consumo

Bebo, agora bebo sim


E depois serei eu que te diz...bebe!

Não por vinhança, mas por teres que morrer assim..

Bebe!!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Deixem-me inventar o Amor sff


Não me apetece ter mais vontade iguais a tantas outras
Nem dizer as palavras doces que já antes adocicaram outras bocas
Não me apetece ser assim… qualquer outra

Poderei alguma vez ser só e apenas ..a louca

E nem desejar

Nem querer

Nem sentir demais do que é esperado

Ser apenas ser..

Eu

Sem o meu Eu ser igualado

E depois o Tu Que me baralha o ser

Pensar ser assim, só por Eu em Ti me perder

E do Tu e Eu fazer um Nós

Sem outro Nós acontecer

Mas já tudo está inventado

E mesmo parecendo que não

O Eu e Tu deixa de ser invenção

Plagiado o Nós

Com mais que uma conjugação

Existe Um Tu e Eu

Um Eu e Tu

Um Tu e Ela

Um Eu e Ele

Um Tu e Elas

Um Eu e Eles

Todos… Nós.

E assim se perde a origem e originalidade do ser

Qualquer poeta escreveria igual

Qualquer actor fingiria a mesma dor

Qualquer Eu seria Tu

Qualquer Tu seria Eu

Todos ..Nós

E que me resta afinal se nem sei ser original?

Inventarei uma outra que ainda pensando ser louca

Se invente apenas Desigual.

Nesse dia não se repetirão palavras de Amor pelos poetas

Não se escutarão músicas já antes suspiradas

Nem se darão os beijos em bocas já pintadas

E se querer inventar o Amor for ousadia

Que se escreva amor sem a grafia

Que se amem os corpos sem poesia viciada.

Não quero ser cópia da vossa fantasia

Deixem-me ser o invento

A origem da poesia Ser a causa, a razão e primeira criação do Amor.
Depois?

Era alquimia e em cada novo amor uma outra forma se criava…

rodeado de vapores e cores
cheiros, liquidos nunca antes misturados E por fim a solução explodia e um novo amor se inventava

Desigual

E nenhum de Nós se repetia

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Magia...Ilusão


Nada na manga
Nada na outra
Ilusionista, artista de circo
Concentremo-nos nas mãos
Hábeis, dançarinas, aladas, parecendo levar tudo nelas
Em trocas de Nadas
Escondendo em bolsos as cartas marcadas
Por amor ou desamor
Com dor ou sem dor
Cartas de corações rubros
Cheias de cor e em tamanho desumano
Voltas e reviravoltas
Golpes de mestre
Toques de mágico
Perlimpimpim
Abracadabra
E na manga onde antes se colocara quase Nada…simplesmente Nada aparece
Apenas letras soltas, sem sentido de amor ou dor, caem pelo chão
Silencio…mas logo depois um grito!
Magnifico!!
Fabuloso!
Aplausos de pé
Sorrisos incrédulos
Bis Bis Bis
Gritos histéricos reclamam
Queremos ver o Nada
Queremos que nos faça, mais uma vez… de tolos
Bis Bis Bis
E ele volta
Agradecendo sorrindo
Silencio!
Rufam tambores…
Param rumores..
Nada na manga
Nada na outra
Chapéu completamente cheio de … Nada
Batem corações
Abrem-se os olhos ao tamanho do palco
Concentram-se nos gestos
Risos nervosos..
Abracadabra
Perlimpimpim
E na cartola onde antes se guardaram lenços, de limpar os Nadas dos olhos
Sai um Nada aos molhos
Deitando salpicos sobre o publico feliz
E mais uma vez
Aplausos
E… Bis Bis Bis
Queremos mais Nada ainda
Queremos os olhos!
E ele segue a vaidade que o puxa
E nós mantemo-nos patetas com arrepios na pele
Ao vê-lo agarrar na serra e na caixa de papelão
Cortando ao meio um coração
Não disse palavras mágicas
Não mostrou as mangas
Nem Abracadabra
Nem Perlimpimpim
E Nada ali se desfez em gente
E Nada ali se levantou
E das mãos do magico contente
Apenas um amor terminou
Nem aplausos
Nem Bis Bis Bis…Nada!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Arquitecto de sonhos, Mestre de Obras ou Artista (escolha)





Rasga-me a pele como folha de papel
Depois de amarrotada pelas mãos
Corta
Recorta
Origami em tuas mãos
Eu deixo…deliciada… deixo…
Dobra-me
Desdobra-me
Desfaz vincos
Re…marca-me a pele
Ao meio
Pelas pontas
Arredonda-me os vértices
Aguça-me os círculos
Eu deixo…deliciada…deixo
Faz-me pássaro…e eu voo
Aperta
Rasga
Puxa
Alisa-me as penas…
Des…faz-me novamente e reinventa-me outra…
em outra coisa qualquer
Flor de lótus
ou mariposa
Faz-me barco de pa..pele
em mar revolto de nossas águas
Eu deixo..deliciada..deixo
É em tuas mãos que minha pele se com…verte
É com elas que me formas as formas desfeitas no corpo
Des..fazes-me para que me possa moldar à alma
Rasgada em fragmentos meus
Pelas tuas mãos…deliciosamente recomposta… em nós.
Eu deixo…deliciada…deixo…
Depois cuidadosamente dispo-me
Guardando o fa©to de ocasião no guarda-vestidos de noites minhas
Olho-me ao espelho e aliso as rugas da pele
Sorrio,
Quase como nova (penso)
Sei-me ainda projecto por terminar…

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Aiiiiiiiiiiii aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii






















Abrimos a boca com um suspiro …de ar contaminado por sonhos
Respirando o tempo que não se tem em cada batida do coração
Bate
Bate
Bate
Parando por breves segundos…
Nesse momento sentimos a morte… no vazio do pensamento que não temos
Por segundos, breves segundos, morremos ..nem damos por isso
Estamos distraídos, entretidos a olhar o ar que entra e sai de nós ..em suspiros.
Abrirmos a boca com um suspiro…de ar poluído
Engasgando-nos de falsos oxigénios
Tossimos sem máscaras protectoras
Quantas vezes andaremos por ai….quantas?
Mas vivemos ainda…inteiros, pensamos.
Bate
Bate
Bate
Sorrimos…sente-se nos pulsos, nos pés descalços,
No pescoço esguio, quando nos sentimos grandes e de cabeça bem levantada.
Sente-se na cabeça..quando já nem dói..muito.
Nas costas…
Não, não conseguimos sentir nas costas..quando virados, são simplesmente o lado que não vê..não sente…dizem
Mas na barriga sim..
Na barriga quando prenhes…de nós mesmos, engravidamos constantemente…
Putas vidas que trazem filhos na barriga, no colo, na estrada em que se vendem.
Filhos de tantos sonhos, de nome falsos, de parecenças com todos os que nem com elas se deitam…de paternidade duvidosa e maternidade dolorosa, filhos adoptados por vidas outras, cada vez que se alimentam suspiros.
Abrimos a boca num suspiro…
Fingimos inspirar quando simplesmente nos enchemos de nós.
Cerrando os olhos em cada possível expiração
Para encher o peito com mais do que o próprio permite
Inchados
Voláteis
Balões de ar inexistente
Voamos…


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OLá como está?


Abstrair-me de mim
Usando acessórios que me cobrem
Para por debaixo do que sou
Sorrir
Educadamente
A quem passa
Fingindo não saber que de negro me cubro
Apenas para que não me veja nua
Não é o frio da noite que me arrepia
É o gelo da luz do dia que me incomoda o olhar de frente para o espelho
E se me dizem bom dia
Com um simples gesto de tirar o chapéu cumprimento
Escondo a voz entre sorrisos sempre verdadeiros
Apenas porque sei meus os sentires que me puxam os cantos da boca
E nada mais saber fazer que cobrir de negro os dias
Deixando em branco as noites em que me visto completamente nua
.

domingo, 22 de novembro de 2009

Palavras...mudas


Já disse tanto..
E tantas vezes as mesmas coisas..
Tudo se repete nas palavras
Uma e outra vez desenhadas por sentires
Tantas vezes loucos
Tantas vezes poucas
E foram sempre demais as palavras ditas por mim.
Sobram-me
São como pratos cheios de nada que alimentam a fome sem barriga
Ou a barriga já sem fome
E voltam a dar-se assim em palavras vagabundas
Os medos e os supostos amores sonhados
Os gestos apaixonados
Até os cheiros das flores
Dá-se tudo nas palavras
Acho até que são prostitutas
Da vida ..
Mas dão-se, é de graça
Não se vendem a quem passa
Não são palavras por obrigação.
São como ramos de rosas espinhadas
Cheirosas
Habilmente agrupadas
Ofertadas com laçarotes de tule às cores.
E quando passa o tempo apodrecem
Decompõem-se em partículas mal cheirosas
Peganhentas, agarradas a copos de cristal sem brilho
E ai relembramo-las sorrindo
Ai o que já disseram as palavras!!
Quantas vezes acusadas de exageradas
Outras tantas de mal formadas
E por crimes feitos julgadas
Condenadas ao silêncio em corredores apertados
E sentir como qualquer condenado
O tempo a passar…em riscos desenhados na língua
Os lábios como grades enferrujados
Lentamente..torturamos as sílabas na garganta.
Dormindo despidas em campas de mármores negros
Ficam as palavras dos desejos, têm sempre morte lenta
E a definhar devagar, dentro de qualquer corpo pecador
Essas são palavras perigosas não convêm deixar de vigiar
Por vezes as medrosas choram entre sorrisos nervosos
Ou com sons tímidos apenas
Evitam expor-se…aceitam a dor em tragos salivando para dentro
Não desejam serem dadas para que não as julguem mais.
Há as caladas e felizes
Aceitam a sua condição e fazem votos de silêncio
Como crentes sem hábito mas certas do seu amor
As palavras caladas são as mais afortunadas
Sentem-se como jóia em caixa forte
Não invejam as ditas não desejam ser compradas
Essas, as vendidas, não, não são as que se vendem ao amor
São as que se vendem sem vergonha ao poder do inquisidor
Ao pagamento mensal
Á comida no prato
Aos sorrisos fartos dos que as ouvem masoquistas
São palavras sem grande amor-próprio
Entregam-se em leilões dos maldosos
Faladores sem grande imaginação
Mas poderosos.
As palavras são pecados
Tantas vezes revivem num outro ser qualquer
Seja homem ou mulher
Usam-nas e abusam delas sem temor
Um dia olhamos para elas e deixamo-nos de nos ver retratados
São qualquer outro…roubados, pensaremos a sorrir.
Pelo menos desta forma
As palavras que tantas vezes proferi
Deixaram de parecer loucas
Andando por outras bocas chegarão a melhor fim.


E nesse dia em que não me revi nas palavras ditas...escrevi!


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Calças com rabo de fora...


Quando vesti as calças ao contrário e todos se riram de mim…
Por acaso saberiam eles o quanto era difícil vestir umas calças velhas no escuro?
E faze-lo sozinha, antes que as torradas e o café com leite arrefecessem?
E fazer um caminho longo, dia sendo noite ainda, chovendo a cântaros e com uma sombrinha que só tapava o sol?
Por acaso saberiam eles quando se riram que me iria sempre lembrar desta calças velhas vestidas ao contrário?
E saberiam também que ainda me lembro dos seus dentes amarelos, a rir..a rir…a rir ?
Eram umas calças de tecido de lã, feitas de um qualquer casaco velho…já vestidas antes por alguém mais velho…que talvez antes as já vestira ao contrário.
Coisas…ao avesso na minha vida…desde que ainda nem tinha mãos para guarda chuvas ao vento nem para dias a começar de noite.
Por vezes lembro…

da rua de Arouche nº 25

Vem...Dada


Ata-me ao leito do teu corpo

Aperta-me os ossos contra os teus

Afoga-me

Não dês perdão

A quem não sabe ser apenas ..

SER

Para que serve os dedos que te tocam?

As mão que atam as tuas em forma de Nós?

Venda-me algo mais que as vistas

Venda-me a alma desgraçada

Não mereço ter visão para lá das pequenas coisas

Para lá da vida

Que atrevida..ao querer e não querer

Venda-me o corpo que se derrete no toque

Ata-o com panos negros

Não o deixes solto..não se soltem os medos.

Venda-me os lábios que têm visto os teus ao longe

Ata-os com panos quentes, para que queimem os beijos que não sentes

Venda-me os olhos ainda

Ata-os com panos dobrados, que se ceguem as miragens

Que deixem de ver

Depois de corpo preso

De alma atada

Que se atreva esta malvada a te voltar a perder.


Vem..Dada .. SER.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FORA de..Moda?


Não me apertem os laços
Não me desfaçam os nós
Deixem-me andar enlaçada ao meu jeito
Apertada até à exaustão
Não me abotoem a camisa
Nem me puxem as calças
Quero andar desalinhada
Despida
Deliciosamente perdida
Como vagabundo sem eira nem beira
Como caminho sem principio ou fim
Não me calcem as vossas botas
Quero andar descalça ainda
Como quem nem sente se caminha pelo pó
Ou pelo vidro cuidadosamente estilhaçado por mim
Não me obriguem a vestir meias de seda com ligas
Quero as peúgas antigas
Esburacadas e a tres..andar sim!
Não me coloquem chapéus bonitos
Nem fitas de cores garridas
Deixai-me estar despenteada, linda
Não quero sentir o pente..ado armado
Que se soltem os fios de mim
Não me obriguem a vestir casacos
Já me chegam os buracos onde guardo livres as minhas mãos
Não quero aconchegos de lã
Deixai-me ter o quente da pele
Arrepiada, dorida
Sangrando de todas as feridas
E sem a vaidade vestida de papel
Não quero as malas de mão
Guardo em mim as tralhas de mulher
Não quero cintos…já sinto a mais assim
Não quero acessórios para dar o “tal” toque…
Tenho as próprias mãos!
Que se lixem os vossos estilistas
Com modelos estapafúrdios
Deixai-me ser a fora de moda
Com todos os estilos em mim inventados
Quero que toda roupa me fique em desuso
Que me olhem nos óculos espelhados
Fiquem horrorizados
Vomitem ao olhar para mim.
Que se partam as fitas das medidas ideais
Se não há larguras a mais em mim…
Que se quebrem os saltos
Chegarei bem alto, sem os tacões de sádicos alfinetes

E deixem-me sim
Passear na passerelle
Com passo trocado
Alcoolizado
Melosa de tão doce saliva que me pinga
Tropeçando no chão de sangue alagado
Como prova de que posso ainda ser prenhe
De vida..
Contrariando os ventres inchados
De gravidezes umbilicais
De universos estrelados, de..cadentes sim!
E sigo vaidosa
Parando de mão na anca e olhar descarado
Sorrindo amarelada..mente
A cada click de máquinas mentirosas
A cada flash de luz artificial em mim
E serei capa de re..vista por fim.
Mas larguem-me já disse!
Deixai-me morrer no espelho

Seguirei depois despida de mim…mas de lábios pintados da cor da moda.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

PINGA Amor


Chegara os tempos de chuvas

Ping

Ping

Ping

Soava lá fora copiosamente a fazer-se escorrer pelas securas da vida de verão..

Talvez por de tão seca a vida, ela ansiava há muito pelo tempo de chuvas…

Outrora mais certa, outrora mais segura.

Mas chovia…Amor
Chovia tanto!

E o ping ping era música composta por sons doces

Que escorriam pelas mãos

Pingavam os dedos

Pingavam os olhos

Os beijos

Os sussurros

Ping

Ping

Ping

Pinga amor…

Mesmo dos beirais...

com ninhos de andorinhas esquecidas do verão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

CRIME...Disseram ELES


Cegavam olhos nos olhos

Corpos unidos num só

Esvoaçam palavras sussurradas ao ouvido

Como notas soltas da melodia escutada em silêncio

Rodopiavam como dois dançarinos profissionais

Entre dois copos de vinho e a garrafa vazia no chão.

Sintonizados na perfeição

Passo lento

Um

Dois

Um

Dois

Repetiam incansáveis, querendo mais e mais

Passo rápido

Dois

Dois

Dois

Só parando nos olhos e na palma de cada mão

Bebiam de si próprios

Em cada novo trago redobravam forças

Não pares, diziam cúmplices as suas bocas

E sem temer punição

Cometerem o crime perfeito…juntos.

Mãos nas mãos

Baralharam o rasto das impressões

Olhos nos olhos

Aniquilaram as únicas testemunhas oculares

Beberam até à última gota para não deixar rasto de si

Apenas os dois copos e a garrafa vazia jaziam na cena do crime

Ao fundo do quarto um disco girava ainda…

Um tango como álibi…

http://www.youtube.com/watch?v=0Qo4E4iAnCQ

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A GAVETA DAS ESTÓRIAS


A gaveta das estórias...


Os dias ficaram subitamente mais pequenos, começara a amanhecer com menos luz e com uma aragem que dava um arrepio bom na pele.

As noites, essas seriam tão longas como as saudades das noites à lareira, como a manta quentinha feita de restos de lã pela minha avó Luísa, como as tranças negras que eu tinha em criança e que enfeitava com pequenos laçarotes nas pontas…

Era aquele tempo de fazer arrumações, de trocar as roupas frescas pelas quentinhas de Inverno, de agasalhar o corpo e alma para que não passassem frio…era aquele tempo.

Sem perder tempo comecei pela Minha cómoda.

A cómoda não era uma cómoda qualquer. A Minha Cómoda era uma cómoda enorme, feita de madeira robusta, tinha um tampo em pedra mármore onde desfilavam retratos de todos os rostos com nome que fazem parte de mim.

A cómoda tinha muitas gavetas, umas grandes, compridas e fundas que guardam as coisas maiores. Depois tinha gavetas médias, de tamanho adequado para as coisas assim-assim. As gavetas mais pequenas eram quatro, umas cheias de coisas pequeninas, mas não menos importantes, outras cheias de vontades…apenas.

Retirava as coisas grandes das gavetas grandes, com tempo, muito tempo…olhava e voltava a olhar, limpava cuidadosamente cada recanto de cada gaveta antes de as voltar a encher com as coisas grandes. Algumas dessas coisas grandes eram antigas, outras havia que foram parar ali há bem pouco tempo…apenas porque o seu tamanho exigia uma gaveta assim.

Nem sempre me lembrava das coisas grandes que tinha nas minhas grandes gavetas da cómoda. Talvez a certeza da existência delas me fizesse por vezes esquecer da sua importância. Só naqueles momentos em que as olhava mais cuidadosamente, as cheirava e acariciava com ternura, me vinha à memória todas as estórias daquelas minhas coisas, todas as coisas grandes que aprendera com elas, todas as coisas muito boas e todas as coisas muitas vezes também muito más…mas eram todas as minhas coisas grandes! Depois, fechava as gavetas grandes das coisas grandes e sorria, jurava sempre revelas no dia seguinte….

A seguir abria as gavetas médias das coisas assim-assim. Tinha piada ver que algumas delas seriam do tamanho da gaveta grande, mas como eram de fácil arrumo, podiam ser dobradas, redobradas, apertadas e aconchegadas sem perderem nunca a forma nem as qualidades, eu aproveitava e colocavas ali, perto das coisas assim-assim. As coisas assim-assim eram coisas normais, tinha vezes que até pensava ter guardado só por guardar, outras pensava sentir a sua falta e sorria por as reencontrar ainda.

Dentro destas gavetas tinha ainda o meu primeiro beijo..nem sempre o guardava na gaveta certa…nem sempre o sentia do mesmo tamanho. Hoje reencontrei-o dobrado e encostado ao lençol de linho que a minha avó bordara em pequena.

Há memórias que se juntam como por acaso…só como por acaso…

Nas gavetas pequenas demorava mais tempo.

É incrível como há coisas e coisinhas, quase sem tamanho mas que demoram uma eternidade a arrumar, limpar e tratar. Era a caixa dos botões de punho, a caixa da costura com agulhas, linhas e dedais, o saco das coisas velhas que algum dia serviriam para alguma coisa, quase de certezinha!! Papéis e mais papéis já sem letras muito visíveis, cartões fora de prazo, cartas, postais e fotografias de outros tempos. Tanta coisa pequenina nas minhas gavetas pequeninas! Quase me esquecia de arrumar as outras gavetas pequeninas, aquelas só cheias de vontades…abri apenas para que entrasse um pouco de luz do dia, arejar para que não ficassem com cheiro a tempo. Depois voltei a fechar..estavam meio perras mas com jeito consegui, fecharam sem fazer muito barulho, era boa aquela madeira da minha Cómoda.

Por fim sentei-me a olhar para ela. Olhava e voltava a olhar, depois de tudo arrumadinho no seu lugar.

A sensação de dever cumprido enchia o peito e dava aquela segurança no olhar.

Era bom ficar com a certeza que todas as coisas estavam no lugar certo, tudo no seu devido lugar!

Depois limpava o pó aos retratos dos rostos com nome, aqueles que ficavam em exposição diária, que traziam história às minhas estórias e ficava ali a olhar demoradamente para a Minha cómoda.

Depois pensei: É muito Cómodo ter uma Cómoda assim…


Abri a janela e ainda cheirava a primavera…

terça-feira, 14 de abril de 2009

A MINHA PORTA...




A minha porta está velha…não me lembro muito bem de como era a minha porta antes, supostamente era nova como eu era.
Na rua de Arouche nº 25 erguia-se uma casa, 1º andar humilde, poucas divisões e tectos de caniço, uma cozinha com um tanque de pedra, uma sala de jantar com janela cheia de vasos de flores (agora lembro que era como se fosse o nosso jardim..ilusões dos olhos dos pobres), uma casa de banho onde não se podia tomar banho, dois quartos, uma sala de entrada que, como o nome indica, ficava-se nela assim que se entrava por uma escadas longas e perigosas (ainda me lembro da cancela de madeira ali colocada para que se evitassem acidentes), um dos quartos era interior, a única luz natural que tinha era de uma telha de vidro colocada bem lá nas alturas…era um quarto com muitas camas, o outro quarto (o dos meus pais) tinha 2 janelas para a rua e uma porta que dava para uma espécie de sótão, o sótão de todos os trastes velhos, de todos os utensílios e inutensilios, o sótão de todos os sonhos (um dia conto-vos os sonhos daquele sótão).
Nesta casa, a casa da minha porta da rua de Arouche nº 25, cresceram três meninas.
Hoje passei na Rua de Arouche, ao ver a casa da porta nº 25 o tempo parou…
Vi uma porta velha, uma casa abandonada, a única casa que se encontra em mau estado naquela rua. Na casa da Dona Irondina (nem sei se é assim que se escreve ou se leva H..naquele tempo, no tempo em que ela era a vizinha do rés do chão, eu mal sabia escrever) agora há uma loja de bordados e toalhas de renda, na casa do senhor Silva (antes havia um casão onde ao fim do dia o esperávamos para o ver guardar o carro das “bestas”) há uma loja de computadores e um escritório de contabilidade, na casa do Victor já viveram lá tantos outros que não sei o nome, na casa da Zézé já não há a loja de electrodomésticos do senhor Malveiro (ai as estórias que aquela loja tinha para contar!) e em frente a esta casa já não existe a casa do faz de conta onde íamos brincar aos pequenos vagabundos (o que valeu alguns dissabores e más recordações a muitos de nós), e a casa da Célia, com a taberna do pai dela (uma taberna enorme e onde se ouviam cantar os homens ao fim do dia) também já não existe como antes.
Todas as casas da rua de Arouche são agora outras casas, só mantêm o nome da rua como antes, são novas, modernas portas e janelas, modernas pessoas, modernas vidas…só a casa da porta nº 25 é uma casa velha com uma porta velha.
Hoje passei pela rua da Arouche, a minha rua, a minha casa, a minha porta..
Hoje fiquei com vontade de vos contar todas as estórias que aquela rua, aquela casa e aquela porta contam ainda em mim..
Naquela casa cresceram três meninas…
Não é por acaso que é necessário bater à porta com aquela mão…
Acredito que não foi por acaso que ninguém modernizou aquela casa, que ninguém habita aquela casa…hoje agradeci em silêncio por o não terem feito…
Tenho tantas estórias para contar…da única casa com porta velha na Rua de Arouche.
Naquela casa cresceram três meninas..
A Fátinha, a zézinha e a Natalinha com uma avó que se chamava Luísa e fazia sonhos..

Shiuuu eu conto…

domingo, 12 de abril de 2009

HISTÓRIA E ESTÓRIAS


Ladrava o cão
Na rua mais torta
Da vila cansada
Da terra mais morta.
Passou um homem
Andando aos tombos
Culpando a rua
do peso dos ombros.
Abriu-se a janela
Da casa mais térrea
Ouviu-se um shiuuuuuuuuuuu
De forma zangada
Eram altas horas
já estava deitada.
O homem parou
Olhou pra janela
Virou-se pró cão
Mandou-o calar
Contendo o riso
Continuou a andar.
Seguido do cão
Já sem ladrar
Chegou-se à porta
Abriu o postigo
Gritou lá pra dentro
Alguém dá abrigo?
De dentro da casa
nada respondeu
O homem entrou
sentou-se e comeu
Enquanto na rua
o cão uivava
A mulher dormia
sem dar por nada.
Naquela rua
ainda cá mora
um homem sozinho
já muito cansado
procura no vinho
viver o passado.
Já não há rua
como a rua de antes
nem o cão ladra
nem a mulher dorme
só ele cá anda
plas pedras gastas
pela terra morta
é tudo o que resta
nesta rua velha
um homem
sozinho
uns copos
e tombos…

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A OUTRA METADE DA...CEREJA



Não sei o que quero nem porque espero
Não sei o que me faz andar assim
Não sei porque insisto
Nem porque imploro
Não sei ..mas grito
Nada me acalma
Nada me sossega
Nada há que me adormeça a raiva
Não sei porque grito
Mas grito
Exausta
Cansada de mim me quedo
Nem sei bem o que espero
Mas espero
E em cada revolta me seguro a âncoras de algodão
E fico boiando na consciência do exagero de mim
Não devia ser tanto
Não devia ser
Depois olho os outros com certezas duvidosas
Que dependendo do turbilhão que há em mim
Assim lhes rio ou lhes grito
Sendo sempre a mesma realidade que me cerca
Não a condeno à pena de morte em dias sim
Mas sou a própria forca em dias não
Sei todas as regras
Sei todas as fugas às ditas
Sei os segredos dos meus Deuses
Sei até que ignoro a diferença entre o que existe e o que invento
E consigo afiar a faca de ponta e mola nos dentes do destino
Quando o apanho a sorrir
Embriagado pelo prazer alcoólico dos copos vazios dos bêbados vagabundos
É meu aliado na chacina social a que me dedico quando sóbria
Depois há momentos em que me embriago totalmente na ingénua e pura fantasia
Na crença que se faz amor com a poesia
Existem rosas de cor púrpura em cada madrugada
Assim corto os pulsos à desdita
Mato a cruel nascida em mim, fruto de infidelidade dos meus Deuses
E solto loucas gargalhadas
Por me saber tão doce como as cerejas.

domingo, 29 de março de 2009

DIVAGAÇÕES SOBRE NADA


Se trago as mãos vazias porque me pedem tudo?

Acaso não saberão ver o quanto nada é mesmo coisa nenhuma?

Mas insistem Pedem tudo uma e outra vez.

Olho ainda para elas… não vá eu já nem sentir o peso de tudo

Não vão elas ter algo que vos pertença e eu não sinta

Olho-as mas vejo apenas coisa nenhuma

Cheias de um vazio imenso São duas mãos de nada

E mesmo assim, como um louco que não sabe o porquê das coisas

Num gesto natural de como quem sêmea o trigo em campos ressequidos,

Estendo as mãos e dou tudo o que trago nelas

Um vazio imenso

Um enorme nada

Depois sinto-me mais leve, jogara fora o peso que trazia

O vazio agora é vosso

Fartem-se

Lambuzem-se de gulosa ignorância

Encham-se de tamanha ambição

A ganância que nos olhos vos brilha

Agora satisfeita, incha-vos as bocas

Os estômagos dilatam

Engordam a olhos vistos os egos

Reflectidos nos sorrisos incontidos de vitória

Um ou outro lutam na disputa de um nada maior

E eu simplesmente olho as mãos

Que vos satisfizeram a mesquinha gula do nada

Vejo-as agora cheias

Repletas de pesada culpa

Não me resta nada mais que as mãos

As mesmas mãos que voltarei a encher de nada

Para que vos possa voltar a dar tudo


(Enquanto isso, disfarço a vergonha escondendo as mãos nos bolsos ... )

segunda-feira, 16 de março de 2009

QUEDA LIVRE..


Não temo
Chego-me mais perto do que sou
Cravo os pés na terra que desliza
Entrego o corpo ao vento num abrir de asas
Na falésia me quedo olhando em baixo a corrente
Livre para cair
Deixar-me ir sem medo
Estando pronta para o deleite da liberdade do fim
Chegaste numa gota salgada tocando meus lábios ressequidos
E eu já não temo
Não sei se és o tempo
Se és o vento
Mas deixo-me levar por ti.

terça-feira, 10 de março de 2009

1º AcTO







Ato -me e desato-me
Em apertados nós
Tentando ligar as pontas dos sentires
Prendendo os dedos
Para que não voem
Prendendo a alma
Para que não se perca de mim
Enlaço o corpo
Amarro a voz
Aperto as dores antes que cheguem
Entre laçada e laçada me prendo
Entre nó e nó me liberto
Junto os egos baralhados
Finjo-me solta
Finjo-me outra
Ato-me e desato-me como louca
Só mais uma vez,
digo contendo o respirar
Solto-me antes que seja sempre mais tarde
Sei que voltarei a apertar
Sou contorcionista
Sou a corda que me aperta
Sou o próprio nó em laço disfarçado
Sou o laço sem nó dado
Sou o próprio acto do "ato"
Ato-me e desato-me sem "nós".

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A LOUCA



Hoje queria falar daquelas coisas que não se dizem
Com as palavras que já não se usam
A pessoas que não conheço
Não sei se existem sequer.
Não me apetece o cumprimento com o beijo babado
Nem o sorriso colado a jeito de simpatia
Que se fale contrariado
Com um sorriso irónico
Que se digam palavrões
Num beijo gozado
Que corem rostos escondendo imaculadas feições
Que se benzam as pudicas senhoras das procissões
Se ouçam rezas a pedir a salvação das almas impuras
Que nos chamem loucos e nos dêem encontrões
Para que na margem da realidade nos quedemos
Conscientes que não há lugar para almas sem dono
Neste mundo de contrabandistas dos sentidos
Que se escreva merda com todas as letras
Que se escreve doçura
Que se pintem corpos esmagados nos muros dos lamentos
E se gritem palavras de ordem
Na desordem social dos reis sem coroa
Ergamos barracas nos jardins dos outros
Toquemos batuques em sinfonias de Mozart
Em pontas sambemos ballet
Deliciemo-nos com caviar em latas de conserva fora de prazo
Troquemos as voltas à dança do ventre
E façamo-los beber a baba do seu pudor
Ah que vontade de aniquilar todas as regras
Todos os códigos
Todos os conceitos impingidos
Quero descobrir o fogo em iceberg que derrete
De sabor a baunilha polvilhado de canela
E lamber o quente e frio desgelo
Num corpo nu em êxtase
Acreditar na terra plana
Ser Eva a trincar a maçã gulosa
Sem paraíso para sonhar ainda
Prenhe do único amor possível
E depois parir em risos incontidos e sádicos
O criador do mundo novo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Aqui jazz





Nem sei se é assim que se morre..mas eu morri assim.

Também nem sei como se vive..e eu vivi.

Era uma tarde calma de um dia longo de verão,

Senti um cansaço enorme, sentei-me.

Deixei de olhar, de escutar, e fiquei ali abandonada apenas.

E simplesmente..já não importa!

Não quero saber se é assim ou não!

Quero morrer sem caixão. Quero abandonar-me, Como quem dorme sem vontade, (sim, porque vontade de adormecer só tem quem vive)

Como quem tem direito a não ser nada.

Quero ser nada, coisa nenhuma, Quero que me esqueçam e esquecer também..

Não quero o cheiro de flores que secam como as lágrimas.

Não quero saber como se morre ou se há céu.

Não quero!

Isto cansa, moí, roí, esgota, satura, mata!

Não quero mais saber como se respira.

Farta de movimentos obrigatórios, De regras e de mandamentos, de deuses que mentem, de humanos divinos.

Não me importa, não quero saber se existe vida em Marte, Nem se há o bem e o mal. Quero morrer a sorrir amando a loucura.

Quero ser a falta de senso, a sem sentido, A marginal e a demente.

Quero acordar depois… já sendo tarde.

E ouvir apenas dizer que morri…assim.

E nada ler na campa desfeita de preconceitos, Porque nada se pode escrever sobre mim. Nem sei se é assim que se morre.

Mas eu…sim, eu morri assim!




Lembro de ter morrido um dia lentamente..assim Não importa se com ou sem dor Foi naquele dia em que simplesmente me apeteceu deixar ir… Depois aprendi-lhe o gosto E essa morte sabe a figos passados A mel, no pão de côdea estaladiça A jazz escutado na solidão Aqui Jaz..zz