Com_traste

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

AG

Dá-me uma palavra
Uma frase
Uma mão
Um sinal
Dá-me um pouco do que és quando inteiro
Mas dá de forma simples
Pura
Verdadeira
Porque parte de coisa inteira
Sendo dada assim
É um todo
Um ombro
Um colo
Um mar
Uma imensidão
E nada mais será preciso
Porque
Partes
Inteiras
São assim...como as linhas do destino
Que se cruzam num aperto de mão


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A rigor

Tinha o nó tão apertado
Pensava enquanto enlaçava a gravata
Num gesto mecânico
Todos os dias, à mesma hora
Apenas mudava a cor
E engolindo em seco
O ar sufocante do T0 feito à sua medida
Nu
Apertou mais ainda
Juntando a ponta dos dedos num gesto elegante
Delicadamente
Sorrindo
Mais...
Mais...
E mais ainda
Até ao fim.

Dividas

Fizeram amor tal como viviam
De uma forma provisória
Com gestos a prazo
Juros de mora
Contas intermináveis de beijos por dar
Um e outro sabiam-se mortais
Não deixariam heranças
Para além de filhos incógnitos
De pais estéreis

Bicho

Tal como os Bichos, de Torga
Personalizo-me
Na minha verdade
Na minha coerência
Na minha liberdade
Indiferente à subjectividade disto tudo
Aninho-me
Dócil e fiel
Ou ataco
Feroz e agilmente
O naco de vida
Como quem ama o bicho que mata