Com_traste

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Drogas duras




Querer dar-te quase tudo já não serve
O quase que me resta é todo teu
Enrolo-me como o tabaco que fumas
Em sedas que lambes lentamente
E agora?
Que sendo fumo me elevo
Em figuras desenhadas com cuidado
Sopra-me
Sopra-me mais um pouco para o céu
E que dentro de ti tudo acabe
Eu ardo ainda com a chama
Quente, quando os dedos enrolam o carinho
E depois do ultimo sopro
Resta só o derradeiro gesto no cinzeiro
Deita-me a cinza que me forma
Na superfície negra arrefecida
E apaga
Com gesto seguro, firme e certeiro
Calcando a única parte que de mim não arde
Apaga o corpo que em fumo já ardeu
Enquanto soltas
Esse cinzento nebuloso para o céu
Eu vicio-me
Desfeita na pontas de outros dedos com malícia
E sem importar ser cedo ou tarde, a que enrola serei eu
E viciada na ternura desses gestos
Beijarei os lábios dessa droga dura
Serei uma outra, menos pura
Enrolada em seda fina..Selvagem
Que morra antes que vá presa
Porque só dependo desta minha perdição.
E a ti ninguém acuse
Fui eu que não disse Não

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