Com_traste

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Acústica



Contrabaixo
A voz que me acompanha como sombra
E eu sem voz que consiga entoar o alto...
Cordas bambas as pernas que se dobram
No meio do palco a luz que tomba
Centrando o vazio em mim
Ofuscando os olhos
Soa como musica de fundo o bater do pé nas tábuas secas do palco
Marcando o passo do compasso cada vez mais lento
Estalam os dedos num ritmo desadequando
E o corpo embala-se num balanço confuso
Na sala, vazias as cadeiras que te esperam
Aguenta-se a nota num tom qualquer
Não há memória da letra que sabemos de cor
Uma branca no momento do coro
E a voz implora lhe demos a liberdade
Na garganta aprisionada a hora
Soletra-se um refrão vezes sem conta
E ao fundo alguém ecoa o silencio
Fecha-se o pano todas as noites
E na agenda marca-se o dia da próxima vez
Ilusão
Não há arte maior que a nossa ilusão
E a sala teima em não se encher…
Talvez amanhã
Ou talvez depois
A sala encha para nos ver

Imagem: artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher

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