Com_traste

Com_traste

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

(para) Com-Trastar

Iluminou-se o negro pensamento
Ou aceitou o fim da história inacabada no coração
Mão no corrimão
Pé no chão
E sobe a escada que leva ao alçapão
No escuro da noite acendeu a luz
E na parede lisa escalou ao cimo
Fixando no tecto o seu máximo de tolerância à dor
Na mesa da cozinha deixou a lista das coisas desnecessárias
E fez as contas ao custo da vida que se leva se não sorrir
E em prantos afogou a agua que gota a gota saia do frigorifico
O gelo quente parece gente a fazer-se em pedaço
Abre a porta do quarto
E faz a cama para dormir desfazendo a que fizera para sonhar
Mas resiste
E pega na insónia e chama-lhe meu amor
Num acto de violação consentida
Faz-se morta em vida
Quando os traste resolve arrumar
E contando pelos dedos
Todos os segredos que é suposto não contar
Pinta as unhas de incolor verniz
Para quem diz que diz
Poder roer sem sequer mastigar
No fim mete a viola no saco
Vai dar banho ao cão
E coça os macacos do sotão
Esquecendo estar no alçapão
Atira-se da janela do 3º esquerdo
Caindo em frente da própria porta
Da rua da imaginário, nº impar, piso único e escorregadio
Ao ver a barbaridade
Encolhes os ombros e bate à porta
Pergunta com voz morta
Quem raio ali quer entrar
Responde com voz de em-cantar
O fado da desgraçadinha
Sou eu
A própria
E a porta abre-se sozinha

Sem comentários:

Enviar um comentário