Com_traste

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Despistes



Fora de mão
O carro que sem luzes segue estrada fora
E lá dentro
A pistola que disparava sem balas no canhão
Gera-se a confusão
E faz-se pisca para a direita com o pé no travão
Sem direcção acende-se a mesma canção
No cinzeiro toca um cigarro
Mudanças em numero desnecessário
Olha-se mais uma vez o reflexo
E o espelho franze o sobrolho
Nesse ar ameaçador
Reduz-se a velocidade
Chama-se nomes ao condutor
Que no lugar do morto nos guia
Pede-se um GPS
Sai um mapa amarrotado
Do mesmo sitio das multas
Só com um ponto marcado
Estando quase a chegar
Salta da ponte um leão
Ah, afinal era um cão
Continua-se a circular
Paragem nada obrigatória
Mas aceitamos dar boleia
Senta-se no banco traseiro
Um amigo imaginário
Fala no conto do vigário
E de dentes amarelos sorrimos de outra cor
Já é depois do sol pôr
E nem vivalma se avista
Gritaria terra à vista
Se o carro fosse a vapor
Repetindo pensamentos
Muda o som do coração
Um estrondo
Pé no travão
Soa um grito ou um lamento
Ah, era o vento
Disse o amigo na risada
Abre a mala e tira a faca
Pedindo a pedra de amolar
Na mão um naco de carne
Acabado de matar
Recusamos a oferta
Fumamos outra canção
Soletramos letra a letra
Abre-se o vidro do carro
O vento recusa entrar
Seguimos desnorteados
Rumo a nada
Coisa nenhuma
Excesso de velocidade
E o carro quase a parar
Sem pressa queremos chegar
E antes que fiquemos loucos
Deixamo-nos agarrar
Pela névoa da estrada
E já sem se ver mais nada
Alguém sai sem eu parar
Ao longe um candeeiro
Contra nós vem a andar
E sem mão na direcção
Faz-se as curvas conhecidas
Mais um choque sem cadeia
E um corpo inanimado
Siga
Diz o policia fantasma
A via verde sorri
Insisto pagar portagem
E o carro que acedem a luz
O morto que nos conduz
Diz numa voz encantadora
Chegámos
e
truzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Para a próxima sou eu quem conduz!

(imagem: Stunning visions of Kassandra)

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