Com_traste

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Crónicas Marcianas


Ela já não se mexia
Estava com declaração de morte emocional
Ligadas às máquinas há algum tempo
Os cientistas contabilizavam os custos da manutenção daquela “coisa”
Mas por imposição da lei de Afrodite
Enquanto houvesse uma pequena memória
Que fizesse suspirar o ser
Ninguém poderia ousar desligar a criatura
Custasse o que custasse!
E a máquina lá ia mantendo o sinal vital
Em ziguezagues nada constantes
Fazia curvas em forma de coração
Rectas como flechas
Pontos de exclamação
Finalizando com pontos de interrogação
Mas nunca pontos finais…
Um certo dia
Quando a criatura assim vivia
A máquina deu sinal de alguma coisa anormal
Fizeram-se teste
Chamaram-se cientistas do mundo inteiro
E à volta da “coisa”
Sentenciaram a conclusão
A Coisa perdeu a razão!
E se já estava com morte emocional
Perder agora mais fosse o que fosse
Só poderia ser bom sinal…
A coisa…foi-se!
Mas enquanto discutiam ouviu-se um som esquisito
E sem a máquina dar por isso
Os ziguezagues pararam
E começam a surgir bolhas
Círculos em vários tamanhos
E ainda mais estranho
O som do bater do coração parecia uma melodia
Desliguem o rádio!
Gritou um cientista mais distraído
Mas depois de todos os botões em off
O som continuava
Era um som liquido
Bem definido
Pediram novos exames
E analises de todo o género
E foi ao verem uma ecografia
Que a Coisa se confirmou
A Coisa alem de teimar em respirar
Tinha-se auto fecundado
E em breve nasceria uma Coisa qualquer de dentro dela
O que originou alem de alegria
A morte da Coisa como antes era
Foi-lhe dado alta médica
Com requisição de alguns cuidados a ter
Para não mais se perder
Bastaria deixar viver a Coisa nova que surgia
E duas colheres de sensatez
Quer de noite quer de dia
Um exame à consciência
Sempre que esta pesasse
E Nunca
Mas nunca Mais
Se auto medicasse
Nada de exageros
Nada de grandes impulsos
Se caísse no mesmo erro poderia ser fatal
E a Coisa assim se ergueu
Dando à luz um novo ser
Mas ninguém sabe bem ao certo
Que raio de Coisa irá nascer…

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