Com_traste

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Gravidade


O grave, das palavras agudas
É que quando são ditas ferem-nos como alfinetes
Estes, supostamente de dama
Não usam tabuleiro para fintar o parceiro
Nem depende do sexo a dor da perda
A gravidade é ludibriada
Usando pedras nas algibeiras
Para que deixemos a cabeça sobre os ombros
E na lua apenas fiquem os nossos olhos
Esses, esvaziam-se
Em mares e marés
Ou em partos
Quando rebentam as aguas
Porque é sempre ao fim das nove luas
E a coisa assim aparece mais lógica
Ao mundo
Enquanto continuamos, aparentemente, assentes neste ponto
Podemos levitar dentro de nós
Porque no vazio
Só o eco escreve o que dizemos
E na repetição…pode ser que nos consigamos convencer
Que o grave
Está na gravidade
De uma gravidez “utopica”
E abortemos com base na lei do homem
Todo o amor que nos enche agora de vácuo
Balões de ar
Como sussurrados beijos
E palavras ditas nos olhos
Em voz de alfinete
Picando o ventre
Que sangra
E o orgasmo surge
Como fim de um crime premeditado
A vitima em estado grave de morte
Será indemnizada com tudo aquilo que viveu

(imagem: Mystery of shadows, photo manipulation by Natalia Naka Adamska)

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