Com_traste

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Só...Rio


Só-rio
Na corrente do leito
Enquanto nada a força da ausência
Do corpo com ancora
Como objecto vazio abandonado
Só rio abaixo
Porque nos lábios húmidos entreabertos
Falta a profundeza do sorriso
Quando num beijo se afogam todas as almas
Sem foz onde se possa amar
Mas onde todos os sonhos vão morrer
Nascendo apenas porque num rio só
Se juntam todas as gotas da solidão
No mesmo leito incerto
Onde se deitam todas as palavras
Em correntes desancoradas
Dando liberdade a todos os afluentes
De se transformarem na junção
De abraços líquidos
Só-rio
E abrem-se os lábios num beijo
No sorriso em agua desfeito
Ficando nas margens os seus destroços

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