Com_traste

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Morder o vazio


Trincar os espaços entre as palavras
Com os dentes presos nas letras mudas
E engolir em seco o papel de musica
Vazio da gravidade das notas
Cantadas antes por pássaros desenhados nos teus olhos
Enrolar o corpo em dor parda
De papel de oferta desdenhada
Atando os dedos com laços de pouca vontade
Para escrever depois num cartão de visita não desejada
As palavras que se inventam quando nada se consegue dizer
Depois
Morde-se mais uma vez o vácuo
Daquele espaço de tempo de espera
Sangrando os lábios por se falhar o alvo
Enchendo os olhos com memórias
Escrever um livro apenas porque está em branco
E crescer tanto..tanto!
Que se envelhece fora de horas
E a pele solidifica o orvalho
Que vinha em madrugadas liquidas
E agora
Agora são pedras gastas
E o musgo cobre a preciosidade de outrora
Talvez assim as pedras criem raízes
E se morra como as arvores
Nas margens de estradas sem saída
Fazendo sombra aos olhos
E anoitece
Sempre à mesma hora
Apenas para o sol poder dormir

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