Com_traste

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

InCorpóreo




O corpo
É mais que aquela boca que te beija
Deseja
É toda a saliva que te cobre
A ânsia
A euforia
É toda a voz que geme em sintonia
E grita mais e mais
O corpo
É mais que tocável pele desnuda
É o arrepio que surge nos olhos negros
E o fio que escorre na ponta dos dedos
A língua que palpita nas entranhas
É a marca que fica na cama
É a dor quando ausente
A saudade quando se tocam apenas espaços vazios
O corpo
É aquela parte de nós que se cola
Que se encaixa
Que se dobra e desdobra em impossíveis combinações
É a coisa morta depois do acto
É o facto comprovado
Depois de todas a improváveis situações
O corpo
São as palavras que se dizem com ternura
É o silencio que teima em ser eco
É o sim eu quero
É o não por capricho
O corpo
O corpo é um bicho
Que nós teimamos em dominar
Quando nos dói
Fala-se da alma
Quando nunca antes a dissemos
Porque o corpo é a parte que se vê do nada
E a alma
A alma é o vácuo em pérola
Que enche um corpo nu
Fazendo dele a concha
Que nos guarda

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