Com_traste

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DeMente


É como sede constante
Que não mata porque bebe a seiva das palavras
É ausência de algo presente
Que está porque me falta
É a acção premeditada
Do acto impensado
Como um crime perfeito
E mesmo assim condenado à máxima pena
Sem dó nem piedade
Por ser cruel a ave que voa em círculos na espera
É o feito e o desfeito
Do acto sempre primeiro
Da dança em pontas, bailarina sombra
É o orgasmo desejado
De um corpo moribundo
Que parece criança recém nascida
Nua
Pura
Indefesa
Ao mesmo tempo que envelhece de cansaço
Há tanto tempo aqui…
Há tanto tempo em espera…
Não desespera por não saber sair de mim
Mesmo quando abertas todas as portas
Ela fica
Inerte
Qual preso masoquista
Que depois de pena revista
Recusa a precária saída à rua
Sou tua…dizem seus olhos calados
E eu amo-a por obrigação
Ou talvez por sentir ternura
Uma pena assim tão pura
Não se pode renegar
E deixo-a indo ficar
Ave de um quase paraíso
No meu único esconderijo
Onde só ela sabe estar
Porque mesmo com asas não voa
Faz de mim esta pessoa
E eu…cansei de procurar
Que fique até que me queira
Ou que eu canse de a matar
Não lhe dou nome
Não preciso de a chamar…
Loucura chamam-lhe outros
Ela sorri, enrosca-se em mim
E nada mais importa….

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