Com_traste

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Tocam os sinos na torre da igreja...

Morreu o morto
Diziam os toques do sino da igreja
E ao longe o choro das velhas lavava as ruas
Ai que pena
Ai que dó
Ai tadinho tadinho
Um um dlim dlão sem grande arte
Anunciava a hora...
Para que todos os mortos morressem
Na esquina do largo da aldeia
Os teimosos mortos vivos fumavam as beatas
Mais um, diziam sorridentes
E de olhos cabisbaixos contavam as pedras que faltavam na calçada
Será enterrado amanhã
Disse o coveiro
E alegremente a Dona Amélia abriu a loja das flores
A vida nunca foi tão justa como a morte
Dão à vida filhos da puta
Morrem sempre os bons!
No dia seguinte, as ruas da aldeia que ligavam a igreja ao cemitério, encheram-se de dores no peito
É uma pena, disseram uns turistas que passaram por acaso, é uma pena estas aldeias morrerem aos poucos...
No outro dia de manhã, a Maria Albertina deu à luz um menino...consta-se que não foi baptizado nem iria ter apelido paterno..
Mais um...disse sabiamente a alcoviteira da aldeia
os sinos tocaram um dlim dlão diferente
Mas na esquina do largo da aldeia..os teimosos mortos vivos fumavam beatas...cabisbaixos...dando um pontapé numa pedra da calçada...

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