Com_traste

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Impulso

Sou assim
Um acto brusco desde que nasci
Um pensamento que sai pela boca fora
Um sentimento arrebatador e a dor persiste
Algo incontido
Algo sofrido
Que ri
Sou assim
E sei-me diferente
Nem sempre choro como a outra gente
Nem sempre a alma contente sorri
E é feliz tristemente
Ninguém é feliz assim
Sou assim
Igual a outra gente
Desde que seja gente que de repente
Não pensa bem o que diz
Ou diz logo o que sente
E ri
Consciente
Desta dor que sem dor se sente
Por impulso cortar o ar com asas
Fazer com que sangrem as nuvens
E depois chovem consequências
Como lágrimas bebidas gota a gota
Sou assim
A resposta aprontada
A dádiva inesperada
A louca que não tem espera
Desespera
E ri
Sou a gargalhada sonora
Que da boca fechada sai
Sou ui e ai
Do parto futuro
O amor que se faz à distância
A vidente
Como se a sina fosse vontade
Sou a casualidade
Provocada por obrigação
E ri
Desgraçada
Por saber-se exagerada
Num impulso sem pulsação
Vive antes de ser parida
A coisa em mim sentida
Sou pura ilusão
Aves condenadas
Que me levam por obrigação
Para que sirva de ninho
Às crias
Que como Incubo
Gerei
Depois de amar todos os pássaros que adormecem em mim







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