Com_traste

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Açúcar ou adoçante ?



Na mesma mesa de sempre
No lugar de escolha ou acaso da vida
Sentamo-nos
Pede-se um café curto
Apenas por receio da enchente nos levar na onda
Ou talvez por um medo inconsciente
De quanto maior o mar...maior a areia contida
Pensamento poético
Para evitar as simples borras de café
À pergunta: açúcar ou adoçante?
Respondemos optando pela primeira hipótese
Com um sorriso um pouco irónico
Por não se temer o peso
Ou por se achar estranha a pergunta
Se ambos adoçam...deveriam perguntar apenas, com ou sem
E aquece-se as mãos e os pensamentos
Na chávena standard para o acto social
Imaginamos ser a porcelana antiga da avó paterna
E pegamos na colher quase tão fina como a de prata
Para mexer em jeito de espera
Que arrefeça e adoce
A realidade escura
De olhar no fundo da espiral do liquido negro
Afastamo-nos das conversas padrão do acto
E ao longe ouvimos as vozes
Como gritos de gente em fuga
Numa guerra que acabámos de inventar
Ainda que pintemos as nuvens de cor de rosa
E as asas do avião sejam as sobram das aves migratórias
Levantamos os olhos aflitos
Procurando um outro
Para juntos esperarmos no refugio da íris
O fim da guerra






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