Com_traste

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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Crónicas Marcianas...


Dói-me as costas
O peito
E o dedo mindinho
Sofro de dores crónicas
Femininas que nunca li
Faço contas e não bate certo
Dizem que tenho mais anos dos que conto
E olhando para o BI
Assumo
Desconhecer o que fiz aos que não lembro
Mas em declaração oficial de contas
Decido aceitar o facto
E tenho eu tantos que nem lembro
Confirmo e assino em baixo
O facto comprovado por um parto
Que alguém me contou
Queria ser grande
E o tempo exagerado que me dão não chega
Limito-me a aceitar a limitação
Em redundância
Porque nada mais me resta que ser honesta
Não importa se me vejo petiz
Se choro e rio por vergonha
Se lambo os dedos gulosa
Se como a sopa contando cada colher
O corpo mente
A mente brinca
Eu
Envelheço obrigatoriamente
E mal desfiz o enxoval
Fazem-me a mortalha
Nem dei conta
Das contas que fazem para mim
E algo me foge a sete pés
Centopeia venenosa
Talvez idosa
A bicha
Feia e mal cheirosa
Levando as contas feitas e desfeitas
Como migalhas agarradas em patas
A contagem do tempo
Exageradamente contado
Que nego
E assumo
Por ser meu e confirmado
Desejando voltar atrás
Apenas por pena
Das aves que não voam
Em migrações interiores
Sonham
Com o que poderia fazer
Se pudesse voltar a renascer
Algures
Num tempo ido
Que desse origem à vida
Fecundada em aguas límpidas
E eu um peixe
Em metamorfose
Com opção de escolha

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