Com_traste

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Subversiva


Clandestina de mim
Escondo-me receando o castigo
Da outra acomodada
Da outra mutilada
Ausente
Presente em grupo
No social pouco sociável
Na urbanidade do ser provinciano
Escrevo panfletos subversivos
Que dobro qual origamis
Pássaros dos meus olhos voando por ai
Aviões que transportam loucos para o outro lado
Ou apenas cartas em forma de coração
Que meto por debaixo das portas sempre fechadas
Por não terem gente
Por terem tempo acabado
Marco a revolução para o outro dia de manhãzinha
Com senha tirada em fila de supermercado
Sem que ninguém saiba a sua sorte
Talvez apareçam alguns incomodados
Os que não sabem bem ainda quem são
Porque na minha revolução
Não há homens com certezas
Nem homens com razão
São todos aqueles que ficaram do lado de cá
Da barricada feita com as mãos
Escondendo apenas o verdadeiro rosto
Deixando matar o corpo
Em qualquer cama
Morrendo por amor de perdição
Até que chegue a hora da liberdade
E quase sem saberem
Chegam comigo
Gritando as palavras que inventei sem ordem
Chorando as minha lágrimas
Comendo do meu pão
E juntos seremos muitos
Contei tantos quantos os gritos que calaram
E mandei seguir em frente de braço erguido
Somos gente
Somos loucos
E a bandeira era apenas a minha vontade
De ser algo mais que apenas bicho
E neste meu grito de liberdade
Matei a solidão
E o meu castigo

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