Com_traste

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Paixão


Era na primavera que ela chegava sempre
Trazendo nos cabelos as flores dos jardins
E nos olhos a cor dos teus
O quente, antes ausente
Vinha nas suas mãos em concha
Como agua que se junta num pote
Para matar a sede ao moribundo
E chegava fresca
Solta
Sorrindo
Fazendo encher o nosso peito de um ar novo
E parecia simples a vida
Como se mesmo sem ninho
Fossemos capazes de nascer um do outro
Nas folhas que antes cobriam o chão
E agora verdes decoravam os ramos das arvores ressuscitadas
As lagartas em mãos de fada
Criavam asas de ilusão
E eu desejava ser a espiga
Que no teu corpo vira pão
Tuas mãos as mós do moinho
Que transforma a matéria na sua condição
Era na primavera que ela chegava sempre
Trazendo as andorinhas nos olhos negros
E no peito um coração desenhado
Em voos
Por não ser possível prender os pássaros
Livres
Os Homens
Quando amam
E ela
Sempre que chega a primavera

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