Com_traste

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Crónicas pouco lúcidas



Entre linhas na pauta desenhada
O ponto negro da nota falsificada
Copia o sinal que traz no peito desde sempre
Caminhos paralelos sustentam a gravidade do vácuo
Com base na teoria da queda do que não podemos ter
Na composição mais artística
A impossibilidade acontece como notas de música desafinadas
Ficando paulatinamente presa na ideia com molas de roupa intima
Que deixam secar o facto do erro
Em desacordo com a actualidade
Depois há a clave que pode definir o caminho
Embora limitado
Dá uma outra possibilidade à arte de compor
Mas sempre dentro das linhas paralelas
Sem curvas ou desníveis
Que deixem a tontura acontecer
Faz-se a obra
Deixando à criatividade do instrumentista
Bem como à qualidade das teclas
A interpretação dos factos sonoros
Que baseados em signos escritos
Podem ser bem diferentes dos destinos traçados à nascença da peça
Depois o gosto subjectivo
Que de palato menos limpo
Conduzem ao sonso ou insonso
Gozo individual
Mas é arte
Mesmo que ninguém a entenda
Haverá sempre alguém que aplaude de pé
Seja qual for a dor que o sustenta
Afunde a opinião generalizada do conceito do belo
E o ponto da questão está no âmago umbilical
Nunca se saberá de quem é filho
Mesmo depois do teste, que indicará uma percentagem elevada de droga de vida paterna
E alcoolismo pouco anónimo materno
Resta-lhe as células armazenadas em vidros
Resguardados da luz para que não possibilitem reflexos
Da outra coisa que é
Acabando por desfalecer
A criatura alucinada
Apenas por ter que ser
Ou por ter tido azar.
E a nota final na tecla negra
Soará antes dos sinos que chamam as almas crentes para a oração
Descansará em paz
Sem nunca saber se há vida para lá das linhas paralelas que sustentam o vácuo
Sempre com o ponto negro…como o sinal que traz no peito
A assinalar o fim
.

1 comentário:

  1. Tenho sido um seguidor anónimo e calado quase sempre, agora pus-me ali ao lado a seguir a pista deste blog, que raramente sei comentar pelo que é melhor, ler, apreciar e gostar (quase sempre).
    "Petrarca"

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