Com_traste

Com_traste

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Mari_Prosa


Desde sempre que era assim…
Doce como a conversa dos amantes
Livre como as palavras dos sábios.
Ela descia os montes soletrando sílabas
Pequenos sons, que continha ao tentar não cair
Corria pelas encostas das palavras mais bruscas
Dizendo todas as outras que saíam sem medo
Como que desafiando a queda dos palavrões escondidos.
Depois sorrindo aconchegava as palavras sem dono
Dando-lhe guarida no peito
Dando-lhe sentido nos sonhos.
Não passava um dia em que não risse com o vento
Ao ver que ele lhe roubava as palavras logo que saiam da boca.
Depois, ia brincar com eco e redescobria muitas outras que não dizia
Nas noites frias, enrolava-se em frases quentes
Para depois cobrir com ela os bons dias
e passear na rua os poemas sorridentes
Na primavera,
fazia jangadas de versos soltos para atravessar o rio do tempo
Gritando palavras ao vento fazia corar a terra.
Chegava o verão e ela lá ia,
De vestido de rosas bordadas no peito
Na cabeça um laço feito
E na mão, todas palavras das canções de romaria
Que dava depois a quem pedia,
dançavam as palavras que trazia
com todas as outras que ouvia
num baile daquela terra.
Era a moça mais bonita
A cachopa mais airosa
A moçoila mais prendada
Ela fazia do que via
E de tudo o que vivia
Palavras de amor
Palavras dadas.
Chamava-se Maria
E parecia as borboletas no campo.
E sempre que ela sorria ou alguma coisa dizia...

A “Mari…Prosa” voava.

2 comentários:

  1. Chama-se Marip(r)osas às borboletas nocturnas, que por viverem no escuro da noite, não exibem cores e padrões tão belos com as borboletas diurnas. Todavia, se observadas em vez de olhadas, é possível vislumbrar toda a sua beleza, a qual nunca passará despercebida a olhos treinados nessa arte...
    Vulneráveis à luz, para elas hipnótica, prendam-nos com graciosos bailados que, de repente, terminam, ficando imóveis no lençol branco estendido no feno por baixo da fonte de luz, parecendo dizer ao autor de tal armadilha benéfica: Ok aqui estou, podeis fotografar-me e efectivar os teus registos, mas não te demores, pois longos voos me esperam ainda esta noite.
    E após alguns flashs ei-la no ar esvoaçando caoticamente até ganhar rumo e se deixar ver desaparecer no breu da noite... São assim as marip(r)osas :)

    Beijinho.

    ResponderEliminar
  2. Um esvoaçar de menina, hoje feita mulher...

    ResponderEliminar