Com_traste

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

SEM CARTA DE RECOMENDAÇÃO NEM LIVRO DE RECLAMAÇÕES


Era noite,
talvez a noite mais escura de todas as noites.
A lua saíra à pressa parecendo adivinhar coisa ruim,
ela sabia que só os amantes sentiriam sua falta e esses inventariam um outro lugar para sonhar.
As estrelas, essas escondidas entre a escuridão, pareciam cintilar a medo, mal se viam propositadamente.
A rua silenciada pela hora tardia, aparentava cansaço, uso, desgaste.
Desejava a manhã para que passos apressados, correrias infantis e vagarosos caminhares, lhe devolvessem a imagem de rua com vida de verdade.
Uma ou outra voz soava a sussurrar, talvez contendo o grito de raiva ou o gemido de prazer, mas era tarde demais para vontades.
E restava o vento, a ir e vir assim pela noite escura, querendo arrancar as folhas que teimavam em se prender à vida, querendo calar o silêncio da noite num turbilhão de sons medonhos que só nos corações dos meninos pareciam ser ondas do mar, mas no dos homens vividos eram uivos.
E foi ai, nessa noite escura,
talvez a noite mais escura de todas as noites,
que nasceu a consciência de ti... existindo longe

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