Com_traste

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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Náuseas

Dá-me náuseas o imbecil
O rei
O Dono
O escravo submisso
Eu quero agora cheirar Abril
Depois de um Maio cantado em uníssono
De que me serve a razão
A dor
A raiva
Se em cada esquina há um cabrão
Um filho da outra
Vendido
Povo sem ser unido
Ser rastejante
Que não sente
O sangue é um rio que nos une
Mas das veias que cá dentro
Como represas este rio faz correnteza
Nem sempre encontra o mar para desaguar
E cansa
Mata
Desvanece
Toda força que em mim cresce
Porque quebro agora?
Porque perco a força?
Não fosse vê-los loucos a seguir sorrindo para a forca
Talvez nada em mim isto acontecesse
E do meu rio e do teu rio um mar brotasse
Não
Não sou dona da razão
Mas custa ver que um cabrão com fome
Lambe a mão ao capataz
O cu de judas acaso isso lhe fosse pedido
Ah seus vendidos
Ide morrer bem longe
Nem da vossa pequenez são donos
Nem da vossa miséria dignos
Hajam Homens
Que não vermes
Capazes de depois da dor
Dar razão aos seus actos
Que morram
Morram de fartos
Fartos de tanto rastejar
Porque não sois dignos da bandeira
Que tentamos levantar
Ah filhos da puta
Que quase mortos
Ainda beijam a mão ao carrasco
Morram
Morram de fartos
Ou de vergonha dessa triste condição
Porque a mim dão-me náuseas
E sobre as vossas campas me purificarei
Em vómitos!

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