Com_traste

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Nenhures...


A estrada parecia não ter fim.
Caminhei noite e dia com a certeza de que ela me levaria lá.
Andei, corri, volta e meia descansava na berma, pouco tempo quase nada..
Continuava, sempre em frente, olhando o horizonte que mesmo à noite o luar se encarregava de iluminar, por fim cheguei lá.
Não sei porquê, parei antes do ultimo passo.
Já era dia, finalmente uma mão prendeu a minha.
Ficamos assim…juntos na berma do caminho, a um passo de Coisa Nenhuma.
Não deixámos de olhar o vazio, ou melhor, coisa nenhuma.
Demos o ultimo passo com a certeza que nenhum dos dois existia.
Alguém escreveu mais tarde uma tabuleta que colocou naquela estrada dizendo :
Caminho sem saída!
Nunca mais ninguém, que queria chegar a algum lado, caminhou por ela.
Mas eu sei o caminho para Coisa nenhuma.
E escreveram-se letras de canções, músicas para poemas sem rimas, contaram-se lendas e inventaram-se palavras, mas nada conseguia descrever Coisa Nenhuma.
E os poetas insistiam, os músicos teimavam, os inventores enlouqueceram…
Nada, Ninguém, Nenhures, só em sonhos se pode descrever.
Mas eles nem sonhavam.
Foi então que alguém (Deus ou o macaco) se lembrou de escrever na tal tabuleta :
Caminho sem saída só para alguns!
Desde esse dia todos seguiram para Lugar Nenhum.
Hoje ainda ninguém sabe se esse lugar existe.

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