Com_traste
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
...
E agora?
Esquecemos das letras todas que nos formam
A caligrafia morreu no tinteiro
De pena
As mãos nos bolsos disfarçam os gestos automáticos de carregar em teclas
E estas ciumentas vingam-se contando ao mundo os nossos poemas
E eu já não sei quando foi a última vez que me falaram de amor…
E agora?
Procuro a folha de pauta
Enroladas as notas de música
Leio todas as letras que me tocam
Nos compassos lentos, divididos em tempos íntimos
Soletro o solfejo dançado na mão em concha
Depois em crescendo
Aumenta o ritmo harmonioso
Sem dó, a mínima na linha mais grave de mim
Baloiça
E antes que as cordas vocais me sufoquem
Nas palavras que não digo nem escrevo
Termina a peça num andamento imposto
Pelas mãos que comandam à distância o sentimento
E eu já não sei quando foi a última vez que me falaram de amor…
E agora?
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