Com_traste

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

MaCabra


Segue-me o reflexo do espelho que olhei esta manhã
Tento disfarçar o medo
Não olho para trás mas sinto-o
Cada vez mais perto
Cruzo-me com alguém a quem tento pedir ajuda
Mas não me olha nos olhos
Viro na próxima esquina, penso
Mas ao mesmo tempo a rua parece infindável
Apresso o passo e tento chamar um táxi
Corro em direcção ao meio da rua e as buzinas assustadas invadem os silencio da tarde
Recuo um passo ao mesmo tempo que escuto o som de uma travagem a fundo
Ao longe o som de uma ambulância aproxima-se em segundos
Chegam rostos que se vergam aflitos tentando saber se a vitima respira
Eu quedo-me presa às riscas brancas no preto da via…se me mantiver aqui talvez me ilibem de culpa
De repente alguém vem na minha direcção abanando a cabeça
Nada a fazer, disse.
O motorista do carro acidentado leva as mãos à cabeça como que negando as evidências
O policia anota algo e pede-lhe a identificação
Não me mexo, agora não posso!
Alguém se afasta e deixa um espaço por onde se pode ver os restos
E consigo ver ainda …com vida
O reflexo em agonia no chão
Faltam-lhe partes
Mas mesmo assim…olha-me como se quisesse mostrar o rosto da culpa
Não senti nada
Apenas alívio por me livrar da pena… de prisão perpétua.

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