Com_traste

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Volátil

Ainda não era meio dia
E ela acabava de se deitar
Quando chovia ela sorria
Ao sol sentia-se molhar
Era quase sempre à noitinha que escurecia
Ficava sombra
Silêncio
Fingia-se lua em quartos
Estrela no fundo do mar
Temia a solidão
Inventou os lobos para que uivassem aos seus ouvidos
O vento
O vento era um sopro do seu coração
Que ela mantinha ameno em tarde primaveril
Fecundando papoilas
Ondulando searas
No outono soprava forte
Cobrindo de folhas todas as palavras das histórias de amor
Logo depois seria furacão
Nas noites em que seu corpo voava
Ainda não era meio dia
E ela acabava de acordar
Num vale
Despertava rio
Espreguiçando-se nas margens
Nessa hora realizava sonhos
E voava em circulo
Desenhando nuvens de algodão doce num céu dourado
E num arco íris invertido
Dava à terra um sorriso
Ainda não era meio dia
E ela fingia-se madrugada
Num canto de um pássaro
A quem abria a gaiola
Juntos conquistavam as tardes e as noites
Porque o tempo tem asas
E ela, ela sabia como voar entre as horas
E dizem que foi assim que o tempo enlouqueceu







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