Com_traste

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sábado, 26 de maio de 2012

Umbilical II


Sabem a realidade não existe
Há apenas momentos em que coincidimos
E é tão trágico como cómico
Ter consciência
De que do nada cada um de nós transforma e faz crer e crê
Que existe
Defendemos teses
Tratados
Que nada mais são que visões
E os meus olhos não são os teus olhos
A minha crença não é a tua
Tu apenas me fazes rir
Eu apenas te faço chorar
E essa sensação de vida confunde-nos
Ah como me sinto Eu nestes momentos em que divirjo de todos os outros
Ai sim encontro a realidade da existência
Um mundo paralelo em que o centro é apenas a minha consciência do irreal
E rio-me
Como louca
Assumidamente louca
Entre caminhares incertos
De esquina a esquina da vida
Sabendo-me mais que normal manhã
Quando me deparar cara a cara com algo familiar
Em que inevitavelmente sentirei como humano
A dor
O amor
O sofrimento dos que amo
Dos que sentem dores mesquinhas
E eu também
Mas hoje
Hoje não
Não me tirem esta dimensão da verdade
Inexistente no colectivo
Em que EU sei a razão
Do coração que sente diferente
E que obrigatoriamente
Sente porque todos dizem ser assim
Um bater constante
Sem o qual não há vida
Não há humanidade
E eu grito
Horrorizada
Por me sentir monstro
Porque saber que tudo aquilo que vocês sabem
Não é assumido
Quero-me só
Bicho
Homem
Gente
Alucinada
Olhar tudo como se fosse a primeira vez
E sorrir
De encantamento
Ah não
Não me tirem esta capacidade
E recusar a realidade
Que existe apenas porque somos algo mais que bichos
Libertem em mim o animal feroz
E dócil
Para que possa acreditar que é possível começar de novo
Um mundo…um outro mundo
Este é apenas erro da vossa inexperiência
Ganância
Eu sei que vocês não são vocês
São apenas a imagem que projectam
Nesta circunstância
Além…mais além
Ousariam ser reais
Eu sei…

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