Com_traste

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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Maria Flor


Tinha o cheiro das giestas mesmo sem ser primavera
Crescia livre sem mãos que a moldassem à terra
Tinha braços de abraçar um mundo
Tinha raízes como quem tem prisão
E ela crescia selvagem
Cabelos ao vento da cor da liberdade
Rosto trigueiro
Corpo franzino
Não fora ela uma simples mulher
E talvez fora outro o seu destino
Era rebelde
Queria todas as vidas numa só
Fazia guerra para ter pão
Fazia amor para ter vida
E vivia perdida na sua condição
Era o grito dos outros no seu grito
Era o silêncio dos infelizes na sua voz
Era tanto…tanto!
Acho que ela era todas nós
Mulheres
Flores
Mulheres espiga
Mulheres de dores
Amantes
Amigas
Pu.ta
Perdidas
Era todas, num arbusto enfeitado
Na beira do caminho, corpo abandonado
Ao vento, dançava
À chuva, cantava
E no sol ..teimava em lutar
Não sabia bem ao certo porque tinha o nome de Maria Flor
Mas sorria cada vez que o dizia
Se fosse diferente queria ser pássaro..um beija Flor
E de repente encheu-se de vontade de voar
E quem sabe… conseguir-se cumprir
Maria Pássaro Flor..num beijo
Partiu!

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