Com_traste

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sábado, 5 de março de 2011

Contra Capa


E nas voltas do tédio diário
Leio o livro que jaz no leito há dias e dias
As letras, somem-se por entre as frestas dos meus olhos
As frases voam rumo ao horizonte sem sentido
Não adianta esfregar, qual menina com sono
...Nadas as fará voltar à ordem do significado inicial
Agora possuem a vida num caos
Desordenadamente
Felizes
Como se o único acto verdadeiramente puro fosse aquele
O voo descontrolado
O risco
A vontade de seguir o sentido proibido
Ousando estar onde apetece
Ser o que se é…e ficar com ar de espanto nesse encontro
Sem medo de perder a certeza do naturalmente incerto
Nem pena de deixar a duvida eterna, para agarrar a hipótese temporária
E naquele momento em que apenas do livro seguro a capa
Sinto o poder do acto
Um titulo em letra maiúscula
Um nome comum
E tudo o resto é acessório dispensável
Já antes tinha unido um monte de folhas escritas
Mas desabrigadas…e não era a mesma coisa que um livro!
Pegava então na capa
E olhava embevecida
E a minha possibilidade de ler o que ninguém ainda ousara inventar
Tornou-me ilusoriamente perdida
Perdidamente…ilusória
Desassossegadamente…sentida
Sentidamente…lida.

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