Com_traste

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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Despiste

Nunca saia com duas meias iguais
Esquecia-se de deixar comer à gata
Voltava sempre a casa antes de entrar no carro...quase sempre era o telemóvel ou o bloco de apontamentos que ficavam para trás
A vizinha todos os dias tinha um nome diferente
No trabalho, a agenda estava sempre aberta nas paginas do futuro longínquo
Quando viajava de casa para o trabalho, ligava o Gps para um destino do outro lado do mundo
Ouvia a rádio apenas por simpatia..cantava sempre a mesma canção e de vidro aberto, cumprimentava o condutor do carro do lado, acaso o vermelho a fizesse parar...com um sorriso cúmplice
No parque de estacionamento, desenhava golfinhos no chão, outras vezes andorinhas...e serviam de pistas para o regresso
Quando a convidavam para festas...levava sempre um presente mesmo que fosse passagem de ano de todo o mundo
Na lista de contactos de telemóvel...adicionava um nome das historias infantis a todos os seus amigos
Raras eram as vezes que não atendia à gargalhada...por a branca de neve ser negra ou o príncipe com orelhas de burro o ser completamente.
Uma vez mudou a cor do cabelo...e ligou ao canalizador na manhã seguinte...para verificar o que se passava na canalização que a agua do banho estava negra...
Quando chorava...nunca conseguia explicar porque o fazia...e quase sempre acabava por arranjar outros motivos...embora o pessoal do trabalho estranhasse ela estar tantas vezes nos "dias difíceis"
Um dia...perdeu-se
E até hoje coloca anúncios nos jornais
Convicta que algum dia terá sorte e...alguém se lembre de a ter visto por ai...


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