Com_traste

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

ORDEM DE PRISÃO!




Afixaram cartazes nas ruas e ruelas do mundo inteiro
Há quem diga que não terá hipótese de fuga
Fecharam fronteiras
Armaram todos os homens e deram ordem para matar
E a sua fotografia inundava as noticias de todos os canais televisivos
As rádios divulgavam a noticia, entre musicas românticas e o estado do tempo
Prometiam recompensas a quem o trouxesse morto ou vivo
Era impossível circular sem mostrar identificação e abrir a bagageira
A desconfiança estava em todas as esquinas em que tivessem o azar de parar
As sombras na noite ficavam gigantes
E o silencio deixava escutar uivos de medo
Era o pânico nos olhos dos poetas
A ruína dos vendedores de sonhos
Depois da hora de recolher obrigatório, nem as almas embriagadas arriscavam cambalear
Andava em fuga há muitos dias
Seria impossível continuar com vida
Diziam os incrédulos da força dos loucos
Há quem defende-se um linchamento publico
Serviria de exemplo para os marginais
E a fúria nas bocas escorrendo fel
Gritava palavras de vingança
Prisão perpetua!
Morte lenta!
Forca!
E surgiam novos métodos para a pena de morte nas mentes maquiavélicas dos carrascos
Os bruxos faziam feitiçarias e prometiam entregar o criminoso em poucos dias
Escreviam-se biografias desautorizadas
E em cada uma delas surgiam novos factos
Afinal tinha sido abandonado em criança
Outras falavam das más influencias desde cedo
Alucinado!
Marginal!
Dependente de todas as coisas proibidas!
Cretino!
Malvado!
Vagabundo!
Solitário!
Contrabandista!
Ladrão!
Desertor!
Aldrabão!
Em coro gritavam os vendidos ao medo
E no meio da confusão surge o único culpado entregando-se às leias impostas dos mortais
Sem culpa no rosto
Sem advogado de defesa
Agarrado como se ainda tivesse forças para fugir
Espancado e torturado sem razão
O juiz da culpa dos outros decidiu a sentença
Morte por asfixia
Apertem-no com as próprias mãos!
E mesmo depois de morto matem novamente o cabrão!
Não se sabe ao certo quantas vezes o mataram
Foram várias as facadas
Os choques, as cordas em aperto
Murros e tiros com balas de prata
E passaram a certidão …
Causa incerta
Morte súbita
Desconhecendo a razão
Mentido à descarada
Sem amor e sem paixão
A vingança foi consumada!
Morte sem anuncio nos jornais
Nem direito a cerimonias
Já não importa um coração
O amor é ficção
Coisas banais, histórias!


Uns anos depois ainda se continua a vender milhares de livros baseados na sua vida e morte….há quem diga que qualquer escritor que se preze do nome, terá que escrever pelo menos um livro que fale dele..
Em BD ou poesia
Romance ou ficção cientifica
Tornaram imortal até hoje o Amor.

1 comentário:

  1. Ai o malandro!
    Eu a ler à desfilada, ao ritmo louco das palavras, para chegar ao fim e ver lá o nome do malvado, estava tudo a dar certinho, tim-tim por tim-tim, e vai-se a ver não era ele, era outro ladrão como ele.
    Bem feito!

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