Com_traste

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domingo, 7 de outubro de 2012

Domenicus


Apetece ser ordinária
Mal educada
Pornográfica
Despir o ventre e deixar a nu o sexo despudorado
Fazer corar a cara dos sem vergonha
Tirar esmolas das caixas sagradas de domingo
E os véus dos rosto anónimos da falsa caridade
Haja vergonha e dispam-se as camufladas consciências
Aponte-se em acto convicto a mentira
O engodo
Dê-se o valor certos às coisas
Saiba-se diferenciar as coisas
Fale-se das coisas como coisas
E a coisa anafada que de gravata aperta a maçã de Adão
Nem lhe deixemos a parra
E no meio da rua
Exponha as vergonhas
Descaídas
Sujas
inférteis
Partes
Com que nos tentam fecundar
E da maçã suguemos o puro veneno da verdade
Engravidemos de loucura consciente
E façamos deste inferno o nosso paraíso
Por a ele termos direito
Acaso não nos tivessem tentado com o fruto apodrecido
Da humanidade pouco diabólica
Ousando usar o sexo feminino como elo fraco e tentador
E da virgem ter surgido o criador
Deste pecado
Nada original
Por ser mais que comum a exploração da ignorância
Acordai o ventre
Desnudai o ser
E deixai sair o mais puro sémen
Que fecundara sem arca de Noé
A terra reformada
E cavando a fundo a semente germinará
Talvez um cravo rubro
Ou uma Silva de Amoras doces
Com que nos deliciemos
Em acto de Ressurreição

2 comentários:

  1. Gostei imenso! Deste e de muitos outros textos teus.
    Nuno

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    Respostas
    1. Muito obrigada ;O)
      Coisas sem serem muitos cuidadas...diria improvisos da alma ;O)

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