Com_traste

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Expressão plástica


Ondula o tempo ao longe no quente da tarde
E o horizonte é o copo de água que falta
Ondula a seca folha que debaixo dos meus pés faz triz
E por uma unha negra a era já não é
Ondula a sede que tenho na língua
Serpenteando louca e venenosa
Ondula a ultima gota na garrafa vazia
Nos meus olhos ondula o mar sem maresia
Ondula a areia do deserto
E um punhado na mão se faz em nada
Ondula a fria noite, nas copas das arvores de um oásis num quadro assinado
E eu, no banco de pele macia da sala do cinema a preto e branco
Olho o ondular do teu corpo na tela
Ondula o meu corpo em sintonia
E o chão que me segura do lado de fora deste mundo
Que inventaram, apenas para que eu morra…
De sede
De tédio
De pena
Ondula o fim…em palavra projectada
E eu morro antes de mim
Apenas para me ver a ondular etérea
Lá longe…onde no horizonte se finda o mundo
E eu…estando aqui no lado de fora
Rio, para que ondule minha voz bem fundo
Antes que me comam vivas as palavras mortas
Do que não digo…por nada existir deste lado
A ilusão óptica da terra redonda
São olhares infantis
E criatividade Divina
Afinal o mundo é feito de plasticina
E apenas ondula com o toque dos nossos dedos
E as ondas do mar…são apenas desejos.

1 comentário:

  1. Já sentia a falta das tuas palavras partilhadas...
    E "Antes que me comam vivas as palavras mortas", desejo-te uma óptima semana ;O)

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