Com_traste

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sábado, 18 de janeiro de 2020

Servi Domini




Porque nos devoram os monstros sociais 
E depois de comidos querem mais e mais 
E nós alimentamo-nos de ilusões 
Somos puras contradições 
Individuais, doses fatais 
Alimento para animais 
Porque não morrem enfartados? 
Trincam e lambem os lábios 
Babosos glutões 
Nada na borda do prato 
Afogamo-nos na sopa com a pedra no sapato 
Morrendo de cansaço, boiando como excrementos neste esgoto 
Ok, não somos gente 
Mas sombras de um criador, que se esqueceu de nos tirar a dor 
E nos deixou acreditar na fantasia 
Reprodução em cadeia 
Sem grades para que possamos afiar as limas 
E usamos as unhas esgravatando a terra 
Fazendo covas para plantar defuntos 
Que depois de bem cuidados crescerão viçosos nas nuvens 
Alados girassóis 
Que seguirão eternamente a luz divina 
Que sina! 
E a semente de gente? 
Serve de alimento ao patrão 
Que em dia sem remuneração 
Acusa 
Abusa 
Explora 
E nós pedindo esmola 
Na porta da consciência urbana 
Infestada de peste suína 
Desumana 
Doença roubada para pura carnificina 
Ide em fila 
Porcos imundos 
Redundantes seres animados 
Agradecei em voz baixa e de olhos no chão 
Para que querem mais que um naco de pão? 
Já não há pulmão para gritos de revolta 
Droga de criatura pura 
Essa maldita habilidade que insistem meter nas veias 
Dignidade? 
Ilegal sentimento 
Não lhes chega o demente pensamento 
Querem mais? 
Agora cortem os pulsos que precisamos de dar cor à pátria 
Não há maior honra que servir de pigmento 
Amanhã é dia santo 
Podereis chorar em vão 
Alegremente florir campas 
Uma ou outra oração 
E basta! 
Para o ano há mais cultura 
Festas são procissões 
Vistam os meninos de anjinhos 
As virgens com seus filhinhos 
E aleluia senhor! 
E não adianta não ser crente 
Somos UM ilusoriamente 
Formando a massa compacta da estupidez humana

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