Com_traste

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

transplante de pele...


Na ponta dos dedos o transplante
Da pele outra nas minhas mão
Digitalizada na alma
Saboreada na língua
Pinturas rupestres
Nas costas
Asas feitas de papel de rebuçado
Pegadas em lençóis molhados
Figuras recortadas em almofadas de cetim
Teatro de guerra corpo a corpo
Comando à distância na voz
Festim de gulosas bocas
Ninho de aves loucas
Cama
Chão
Mesa
Silêncio
Acção
Sonolência
Pão
Frutos vermelhos
Torradas na palma da mão

Acordar de novo
E sentir dormentes ainda os teus nos meus dedos
Pintar a unha do dedo com mel
Saborear o néctar da tua pele
Beber o verde dos olhos negros
Frescos os beijos nos lábios rubros
Mastigando o suco do fruto em gomos
Deixando pelo chão as horas
Sendo noite com dia lá fora
E voltando a desfazer a casa
A cama
A vida
A pele
Para depois no fumo de um cigarro
Intoxicar a incerteza do amanhã
E em cada toque de cada um dos nossos dedos
Deixar a marca da alma do outro
Documentos nunca mais identificados
Somos dois mas baralhados
Resta-nos
Rasgar a foto do papel
Falsificados..dirão os outros
E nós passaremos fronteira sorrindo
Mostrando a ponta dos nossos dedos como prova
Da nossa identidade…comum!

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